quinta-feira, junho 25, 2009

Na Fila

Fui à bocado ali ao Continente, eram aí 22.30h, tranquilo, naquela hora que ninguém desconfia para não estar a secar em filas intermináveis, para no último item repararem que não pesaram o saco que tinha as maçãs tendo eu de esperar, mais quinze minutos, para a senhora da caixa dar o alerta e explicar que tem de pesar aquilo “senão não posso fazer nada”, que o casal decida e é sempre o mesmo, ou seja, um sprint por parte do marido até à velha da fruta que nem boa noite diz quando um gajo até faz um esforço, todas a vezes que lá vai, por ser simpático, por ter pena de alguém que passa os dias a meter etiquetas em sacos de fruta e hortaliças.

Bem, comprei as minhas merdas, já eram 23.10h, e vou para a caixa que tinha uma senhora com um carrinho completamente cheio mas já mesmo a ir embora e um senhor com uma cesta com umas alfaces, sumos, mais umas merditas e eu, pensei para mim, encontrei o ouro, cinco minutos e estou despachado.
Imediatamente após ter estacionado atrás do homem, até já tinha passado a primeira alface, vem a mulher do carrinho interromper o processo e pergunta à caixa se lhe tinha dado o troco.
A mulher diz que sim.
A velha diz, mas tem a certeza é que não me lembro. Sim dei, e falaram sobre as notas que cada uma tinha dado e a velha foi embora.
Passa a segunda alface do velho e volta a puta da velha, ah olhe, desculpe lá, mas não descontou o azeite pois não?
É que não aparece aqui no talão e diz a senhora da caixa, de certeza? É que se calhar não é o mesmo item mas deixe-me ver o talão e o azeite. A velha vai buscar o garrafão de azeite mostra e diz, tá a ver? e a caixa diz, pois o cupão é para o clássico e esse é o tradicional.
Ah, está bem, desculpe lá. Não há problema, boa noite.
Quase que está a passar a palete de Matinal do velhote e volta a senhora, ah olhe, perdão mas não descontou as bananas, pois não? Só vendo pelo talão, retorquiu a caixa, ela passa-lhe o talão, desenrola-o e fica a ver aquela merda que tinha o tamanho dum tapete de escadaria à procura da merda das bananas.
Enquanto a caixa está a ver o talão ela diz, já agora podia-me confirmar se também descontou isto e isto e isto e isto e isto, nisto já eu estava a bufar à dez minutos, a stressar com a espera, olhei para ela e gritei:
FODACE VELHA DO CARALHO, BAZA CARALHO, EU PAGO-TE ESSA MERDA TODA MAS TU CALAS-TE E DESAPARECES FODACE.

Claro que não gritei para ela, pensei para mim, alto e bazei.
Fui embora, dar uma volta ao corredor das cervejas que era mesmo atrás de mim ver se levava umas mais umas batatas e descobri que já não têm aquelas Heinz Ketchup boas para caralho.
Fiquei todo sad, recompus-me e volvidos quatro, cinco minutos voltei e já estava o velhote a pagar e eu, fodace, finalmente.

Mas se já tinha sido difícil chegar aqui, não era o velho que ia facilitar.
Pagar sim, mas com calma.
Saca duns talões que diziam ticket, que segundo percebi, davam descontos e lá teve ela de os passar um a um no laser dos códigos de barras, mas claro, os últimos dois não passavam, então vamos escrevê-los manualmente, estes números, estas putas de números que têm mais dígitos que produtos na lista da velha.
Ora vejamos, dois, sete, nove, três, ai não é um três é um oito, hihi...
Anã do caralho, nem os números sabia ver.
Passados os cupões, o homem tinha a pagar, e eu seja cego se esta merda não for verdade, 13.99€ e nem é que ele não tivesse duas notas de cinco e duas moedas de 2 euros, porque tinha, que eu vi, mas não, não fazia qualquer sentido pagar dessa forma, é muito mais simples sacar do bolso um saco de cheio de moedas de 5, 2, 10 e 20 cêntimos.
O velho dá uma nota de cinco à mulher e eu penso, queres ver que ele tem os outros cinco, certos, no saco?
Não.
Óbvio que não, ele abre o saco e começa a contar moeda a moeda e vai dizendo, são pequeninas mas são dinheiro, não é?
E ria.
E ela, sorria.
E eu, também ria, aquele rir que se tem quando se quer matar alguém.
Quando chega ao fim de contar cinco euros, diz, ah não chega para os treze, dá-lhe os outros cinco euros em moedas mais as duas de dois euros.
Aqui tem o seu talão e o troco. Adeus e Boa noite. Eram 23.35h.

Já tinha sentido esta vontade antes, noutros sítios, mas nunca num hipermercado, numa fila para pagar.
A vontade de ser um ninja dos mais fodidos e desembainhar a puta dum sabre das costas e começar a varrer toda a gente à minha frente até ser eu a pagar.
Próxima vez: Feira Nova, que também é perto.


G.

2 comentários:

grassa disse...

São velhos: dá-lhes um desconto.

ritabatatafrita disse...

"Fiquei todo sad, recompus-me"
deves ter a mania que és estrangeiro..

OLHA e dica: faz as compras pela internet :)