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Vi, recentemente, uma velhinha ser atropelada.
Conduzir embriagado tem destas coisas. E é com pena que me apercebo que cada vez mais ocorrem este tipo de situações.
De qualquer forma que olhe para a situação foi um choque, tanto para mim que vi como pela mocada que ela levou.
Os gritos da senhora arrepiavam a pessoa mais indiferente e o facto do pé esquerdo da senhora estar ao nível da orelha direita e a perna direita, parecer, estar dobrada em três só piora a imagem mental.
Não consegui reparar nos braços mas pela boca dela deu-me a impressão de lhe terem caído três ou quatro dentes mais frontais, e daí, talvez não, porque a senhora já não era nova podia já estar assim antes do sinistro. Nunca vou saber.

Por esta altura, muitos já devem ter abandonado a leitura do texto. Eu respeito isso, ninguém gosta de ler sobre acidentes, é muito mais emocionante observá-los em primeira mão.

Vou ser sincero.
Em nome da verdade, se calhar, devia ter começado o texto por:
"Atropelei, recentemente, uma velhinha".

Confesso que, na altura fiquei um pouco apreensivo, afinal de contas nunca tinha atropelado ninguém. Fiquei-me sempre pelo "quase".
Mas, felizmente, já me passou.
Tenho a certeza que ninguém me viu.
Ou pelo menos ninguém me conseguiu identificar. Também serve.



Vou jantar agora, G.