terça-feira, fevereiro 21, 2006

É de evitar - Parte I

Acabei de chegar a casa, tive exame à pouco mais de uma hora, estou com sono, estou tenso, dói-me a cabeça e ver as coisas que vejo não ajudam.
E porquê? – pergunta o leitor na sua ingenuidade quase angelical – foi o exame que correu mal, foi?
Não, o exame até correu bem, obrigado por perguntar.
O que se passa é que existem pequenas coisinhas que me afligem sabem, incomodam e consequentemente me indispõem, talvez daí a dor de cabeça.
Quero só expor alguns pontos que para mim e para o comum humano, quero eu acreditar, é senso comum e, como tal, não seria necessário estar a ter esta conversa.
A calça à boca de sino.
Inocente num primeiro olhar, sinistra quando aliada ao sapato de vela. Esta mescla é um dos maiores castigos humanísticos apenas precedido pela Paula Bobone, pelo Castelo Branco e pela iminente convocatória de Ricardo para o Mundial. Uma das regras de etiqueta diz claramente para não misturar os dois, fere a vista e faz dói-dói cá dentro, logo, é de evitar.
Não fosse já suficiente, existem, ainda, homens, ou pelo menos, pessoas do género masculino, que persistem, em querer conciliar estes dois componentes incompatíveis.
Eu sugiro que resolvam primeiro as vossas questões de orientação sexual, e aí sim, respeitarei qualquer que seja o veredicto, agora bambolear na fronteira da convicção e do ridículo, isso não.

Quando fizeres alguma coisa que seja bem feita e não é o que eu vejo.
Vejo mulheres, meninas, moças, com permanentes, com madeixas, com highlights com o cabelo das mais diversas cores, por vezes até misturadas, mas está bem feito, não que esteja bonito, gostos são gostos e isso não se discute, mas não há ali erros nem desvios, o objectivo era o cabelo e assim foi.
Agora, quando eu vejo indivíduos já crescidos que tiveram a mesma ideia “ui que bom, vou colorir o cabelo”, e além do cabelo, tingem o escalpe, o pescoço e contornos da testa, quer dizer, até onde vai esta loucura, quais os limites, não existirão Mandamentos para controlar estas merdas?

- Não usarás tintas da mamã em qualquer circunstância
- Não pintarás mais que cabelo
- Não cobiçarás a cor do cabelo do próximo

Não quero que os petizes fiquem tristes de não poderem pintar o cabelo com as tintas da mamã, nada disso, só quero que, mais uma vez, saibam que existe a tal fronteira entre seja o que for e o ridículo.

Por fim, e para terminar, pessoas com verrugas no nariz, testa ou queixo.
Não me apupem já, leiam-me primeiro.
Não é meu intuito que essas pessoas sejam discriminadas, ou que não saiam de casa ou que devamos zombar da sua infelicidade epitelial, isso seria egoísta da minha parte.
Como tal, sugiro que uma mão lave a outra, eu deixo de ser egoísta se fizerem algo por mim também.
O meu problema com essas pessoas não é a verruga em si, mas sim, o pêlo característico e muito próprio do portador duma bela verruga com dimensões suficientes para ser avistada a mais de vinte metros.
Porquê atormentar desta maneira?
O que é que custa arrancar o pelinho com uma pinça, garanto que não são mais que cinco segundos, claro que pode variar mediante a quantidade de pelugem, ainda assim é compensador.
A meu ver, acho que as pessoas lesadas com a verruga pensam “ah já tenho uma verruga, pior não posso ficar”, e conformam-se.
É mentira, com o pêlo podem ficar.
Eu tenho uma avó e a minha avó tem amigas que têm para cima de duzentos anos e bem sei o quão difícil é almoçar com o pelinho a provocar-me do outro lado da mesa, a arreliar-me como que se dissesse “um dia pequenote, um dia estarei nessa testa linda”, por isso, por favor, removam o pêlo.


A vacilar de tanto de tanto sono, G.

Sem comentários: