domingo, fevereiro 19, 2006

Noitadas vs Aulas de condução

Noite passada entre amigos como em muitas outras noites, entre amena cavaqueira, uma imperial paga outra e a noite foi passando sem que desse conta e, sem que se desse conta também, ia o sangue ficando em minoria frente ao álcool que discretamente se ia instalando no corpo.
Senti as primeiras flutuações, a leveza, a alegria, os músculos da boca que contraiam e congelavam revelando um sorriso que teimava em não desaparecer, o pensamento, esse, mandava a boca falar acerca de tudo e, assim, se passou uma noite agradável.
9.25 da manhã. Levanto-me. Sinto a boca selada e o corpo em gritos silenciosos a pedir-me água, faço-lhe a vontade. O caminho para a casa de banho revela-se tortuoso e confuso, cabeça ainda às voltas penso para mim – mas o que é isto? Bêbado, ainda? - as tonturas insistiam em querer fazer-me cair, não cedi, mas sentia que o barco podia virar a qualquer momento, lavo os dentes e peço à minha mãe se me pode levar, pergunto eu da porta do quarto, sem respirar muito.
Lavo os dentes de novo.
Volto ao quarto, visto-me, lentamente, para não cansar a cabeça, que ainda dormia, enquanto o corpo, esse, era corrompido por sensações de azia e mal-estar, recordo-me de pensar que deveria ser ilegal ir conduzir naquelas condições.
Estava pronto para sair, o mal estar tendia em não desaparecer, bebi mais um copo de água e peguei em seis rebuçados de mentol, nunca se sabe.
Saio para a rua e respiro fundo, o ar molhado da chuva da noite anterior acabava de me comprar mais uns minutos sem me saltar a tampa, enquanto me humedecia a cara, sentia-me bem.

- Bom dia, que olhinhos que temos hoje(risos), vamos? – e passam-me a chave para a mão.

Com a mão a tremer lá inseri a chave na ranhura e arranquei, enquanto abria o vidro para deixar entrar aquela brisa gostosa que tanto bem me fez a sair de casa.
Parámos para tomar o pequeno almoço, sentia-me melhor embora persistisse aquela sensação no estômago.
Pego no jornal, começo a ler e a certa altura, por ingenuidade, inclino, ligeiramente, a cabeça, mas que erro, que parvoíce, começo a sentir a cabeça pesada como se que todas as letras tivessem escorregado para a frente da cabeça, invadem-me sensações de tontura, a cara esfriou de repente, deve ter ficado branca, o mar agitava-se, o barco ia virar, só pensava “aqui não, por favor”, enquanto que o redor rodopiava à minha volta, pego em dois rebuçados e, discretamente, com o telemóvel na mão como se de um telefonema se tratasse dirigi-me para a rua, e respirei fundo, muito fundo.
Senti o corpo a normalizar, o que me cercava começava a parar e a voltar ao sítio e, até ir embora, era possível empilhar pratos na minha cabeça, sem que esses caíssem de tão direita que estava.
Não volto a repetir a gracinha, tive sorte, um dia mais solarengo e garanto que o texto era outro. Já de regresso, o retorno a casa foi calmo, sem agitações e claro..de janela aberta.

Queria, em tom de remate, deixar a minha simpatia ao meu guru/doutor/amigo que me acompanhou na noite em questão e que por incapacidade de navegação partiu o leme e virou o barco, eram 10.00 da manhã, quando se deu o sucedido. Felicidades ao Chefe.


A dois exames do fim, G.

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