segunda-feira, outubro 23, 2006

E se o amor não existir?

Nem o receio de, posteriormente, ser crucificado pelo que vou escrever, nem o receio do insulto fácil (frustrado e todos os seguintes...) me vão demover de escrever isto. Porque não quero hoje abalar as convicções de ninguém, nem estragar as relações de ninguém. Quero só mostrar que, tal como com a esquerda e a direita, o amor também tem um lado que as pessoas não gostam de ver. O ponto é muito simples: salvo muito raras excepções as relações não funcionam. Nem mesmo para aqueles que, lendo isto, se lembram da namorada que "os ama loucamente". Porque ela é, provavelmente, uma daquelas 19% que, dizendo-se muito fiéis, já ornamentaram o amado pelo menos uma vez.
A minha argumentação centra-se no seguinte: o amor é provavelmente o estado mais etéreo que existe. Está num plano onde ninguém lhe toca e, portanto, ninguém poderá dizer que aquilo que sente é amor ou está lá muito perto. Nem nunca ninguém poderá dizer com certeza "quando se ama não se faz isso...". Simplesmente porque ninguém sabe o que é amar. E como não se materializa a não ser em acções é impossível quantificá-lo, de maneira que, como não conhecemos toda a gente no Mundo, nunca saberemos se aquela pessoa é a pessoa das nossas vidas. Um dia encontramos alguém que, mesmo para nós, é melhor...o que é que acontece?...ninguém vai saber...e damos uma facada na relação.
Eventualmente isto incomodará os mais pudicos. Mas mesmo esses sabem que o que estou a dizer é verdade. E se algum de vocês duvidar disso agora porque tem uma relação que, supõe, daqui a anos acabará em casamento, vai acreditar quando a relação acabar mesmo...
Diria que os velhos "amam" porque dá jeito e que os novos "amam" porque não atrapalha. Acreditem...todos nós, pelo menos uma vez na vida, deixamos pura e simplesmente de dar jeito ou começamos mesmo a atrapalhar.
O conselho é simples...vivam enquanto podem..morram quando tiver que ser. Não amputem pedaços da vida por ninguém...porque essa é a única coisa de que se vão arrepender quando as coisas correrem mal.
Não quero parecer um ancião heremita numa montanha do Tibete, na posse do pergaminho da sabedoria porque eu próprio já passei por muito. Queria só mostrar que há coisas que existem simplesmente porque nós queremos que elas existam, que elas orientem a nossa maneira de estar e que elas motivem a mais idiota das nossas atitudes. O amor é, provavelmente uma delas. A par de outras coisas que não se tocam, não se pesam, não se levam em recipientes para lado nenhum, é óptimo quando o estamos a viver mas terrível quando o perdemos. Serve para isto e para mais nada. Não liga ninguém com uma força inquebrável porque até o amor que algum dia se julgar mais forte que qualquer outro desaparece num ápice. Se ele servir para outra coisa qualquer que seja importante para vocês...então amem imenso. E não liguem a nada do que escrevi. Espero que nenhuma destas palavras algum dia faça sentido para vocês.
Para finalizar quero ressalvar que não tenho nenhuma cruzada contra o amor. É essencialmente a crença num amor eterno que me incomoda. Se acreditam que amam mesmo então não deixem de o fazer. Simplesmente não deixem de ter, também, presente que por muitas nuvens e estrelas que consigam tocar "a bordo" desse amor, o facto de quererem acreditar que ele nunca mais acaba só vos prejudica. Gozem dele o que conseguirem...a cada momento.

Desculpas pela seriedade excessiva, os meus saudosos cumprimentos...

"O" F.

3 comentários:

Gonçalo disse...

Há amor amigo
Amor rebelde
Amor antigo
Amor de pele

Há amor tão longe
Amor distante
Amor de olhos
Amor de amante

Há amor de inverno
Amor de verão
Amor que rouba
Como um ladrão

Há amor passageiro
Amor não amado
Amor que aparece
Amor descartado

Há amor despido
Amor ausente
Amor de corpo
E sangue bem quente

Há amor adulto
Amor pensado
Amor sem insulto
Mas nunca tocado

Há amor secreto
De cheiro intenso
Amor tão próximo
Amor de incenso

Há amor que mata
Amor que mente
Amor que nada mas nada
Te faz contente me faz contente

Há amor tão fraco
Amor não assumido
Amor de quarto
Que faz sentido

Há amor eterno
Sem nunca talvez
Amor tão certo
Que acaba de vez

...

Gostei de te ler.
O meu conselho simples..em vez de preencheres a solidão tenta preencher o vazio.

Abraço, G.

Anónimo disse...

LiNdo e vddadeiro!!!

Anónimo disse...

gostei deste texto em especial...
talvez por concordar com muita coisa...

tb gostei da sinceridade... acho q não há que ter receio de ter uma visão diferente do assunto e expressa-la... uma visão não tão cor de rosinha (o tal rosinha que falta ao simbolo da pimkie :P)!

****

a afilhada