terça-feira, março 28, 2006

A vingança da vizinha

Toda esta história começou desde que vim para a faculdade e me mudei para este novo lar.
Digamos que o inicio não foi o mais propicio à integração como condómino, pois fiquei a conhecer a vizinha da frente e o casal que por cima de mim habita numa chamada de atenção por volta da uma da manhã, na primeira semana de aulas, a uma quarta feira, julgo eu, quando estes me tocam à campainha a queixarem-se do calão praticado em tom elevado (com uns quantos copos em cima) que eu e mais 5 colegas fazíamos enquanto praticávamos um jogo ilegal de cartas. Ok, tudo bem, já passou – pensei eu. Mas não. Na primeira reunião de condomínio (uns meses depois), à qual não compareci, parece que fomos (eu e o meu colega de casa) alvos da raiva, stress e necessidade de culpar alguém das nossas amáveis vizinhanças (de cima e frente). Escusado será dizer que no dia seguinte tinha o senhorio e senhoria (por acaso ate são uns bacanos) a bater-me à porta para relatar o sucedido. Como é óbvio não me dei propriamente por culpado, apesar de não desmentir o facto, mas fiz também queixinhas acerca dos barulhos “estranhos” que ouvíramos a meio da noite derivados do casal de cima, o que é certo é que nos 8/9 meses seguintes não os ouvíramos mais e apareceu uma linda menina recém nascida. Parabéns.
Bem, prosseguindo, passara relativamente um ano (entre uma ou outra batidela no chão para a diminuição do volume de voz) desde o ultimo incidente quando trouxe outros meus colegas cá a casa para uma jantarada e mais uma vez, desta feita o vizinho de baixo surge-me em boxers e t-shirt com um ar, nada a ver, com alguém que se quereria juntar a festa, a reclamar do barulho, das cadeiras a arrastarem no chão e da malta a falar alto. Acredito que a vizinha de cima (um dos elementos do casal, na altura grávida), também tenha ouvido a ramboia que por ali pairava mas como “tava de puto”, continuou deitada.
- A tensão acumula-se –
Já recentemente, na passada 4ª feira, sou desafiado por uma amiga para fazer um jantar cá em casa para o pessoal. Surge-me então ela e as amigas e mais amigas e amigas mais. Ok, na boa, mi casa vós casa.
Depois de jantarmos resolvem dar asas às suas vozes e começam a cantar cânticos das suas faculdades e musica popular portuguesa. Escusado será dizer que, após as ter alertado para a situação que se iria passar, o vizinho (o de cima, elemento do casal, pai da filha (suponho eu)) aparece a dizer que “isto é de mais” e que tem uma gaiata de 1 mês lá em cima e para pararmos com o barulho. Pedi desculpas mais uma vez, trocando ligeiramente as palavras (mas deu para perceber). É aqui que surge a palavra-chave desta história: quando peço desculpa, oiço então “a de cima”: “Pois, é sempre desculpa, seeemmmpre desculpa…” e nisto o meu colega, feixa a porta na cara do casal. Virei-me para ele e disse: “Estamos F****OS.”
No dia a seguir, apesar de não estar sol a sede apertava. Acordei a pensar na frase que a vizinha me tinha dito. Pensei cá para os meus botões: “Já passou, vais ver que não vai acontecer nada”. O meu pensamento fora seguido à regra até 6ª feira ter ido despejar o lixo. Ao atravessar a rua, olho para a esquerda, olho pá direita, olho em frente e olho outra vez para a direita, pois tinha-me apercebido do olhar que a gaja me tinha lançado. Deu-me um arrepio na espinha (sem dar ênfase à frase!) O ódio acumulara-se naquele olhar. O diabo tomava conta de seu corpo.
Passou o fim-de-semana e com ele a esperança de que tudo volta-se ao normal.
Tinha um trabalho para entregar 4ª e na 3ª feira precisava de tudo menos de barulho pois a concentração no trabalho era muita. Nisto começo a sentir uma agitação por cima de mim. Barulhos, algazarra. “Oh não F****E!”, disse mesmo. Nisto começam a cantar os parabéns e o tempo a passar… Passou, lá fiz o trabalho.
Ontem, doía-me a cabeça, ela sabia, e nisto faz mais uma festinha de anos com malta a cantar os parabéns. É verdade, já me ia passando, antes disso, estendo a roupa no estendal antes de ir para a escola. Quando chego de novo a casa, pensando que com aquele solinho durante a tarde inteira que a roupa já estaria seca… NÃO! Ela esperou que a minha roupa secasse para por a da filha dela completamente encharcada mas mesmo, mesmo encharcada no estendal que, por azar meu, se encontrava por cima da minha roupa, já seca. Vou à janela. As lágrimas vêem-me aos olhos (desta vez procuro dar ênfase à coisa) ao ver aquelas gotas de quem passou a roupa por uma torneira antes de ir estender, a pingarem sobre a minha sweat já sequinha…
Procurei acalmar-me enquanto hesitava entre ir ou não ir lá a cima mandar vira com a mulher, mas não… “É castigo, eu mereço”.

À espera do pior, d.C.

2 comentários:

Anónimo disse...

A vingança serve-se em prato frio(é isto?) lool, é caso pra dizer q foste fdd , diguemos q aprendeste uma lição lol .

Anónimo disse...

Bem….fiquei comovida com os teus problemas, e de consciência pesada por esse desafio…ou não…Então para a próxima é em minha casa … Mas se quiseres tramamos os vizinhos ….